Na tarde de ontem, tivemos a Sessão Solene no Clube Sete de Setembro, alusiva a 16º Semana Municipal do Idoso.
Representando a Câmara de Vereadores, a Vereadora Iara Castiel fez um pronunciamento aos presentes.
Leia abaixo, na íntegra o discurso da vereadora:
''Boa tarde a todos os
presentes e autoridades nominadas pelo protocolo. É um grande prazer e um grande
desafio estar aqui hoje representando o Legislativo Santiaguense para saudar e falar
às pessoas que contabilizam na sua vida bastante idade. A temática velhice,
velho, envelhecer é imensamente complexa, requer análises aprofundadas e detalhadas.
AS MUDANÇAS NO MODO DE VIDA DOS BRASILEIROS
Como todos sabem, o Brasil
até 20 anos atrás, foi um país de jovens e já não é mais. Foi divulgado que
cerca de 25 milhões de pessoas no Brasil têm mais de 60 anos de idade. Logo
serão 50 milhões, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim
como no Brasil, no mundo, a população de idosos aumentou. Em 2025, serão 2
bilhões de pessoas com mais de 60 anos.
É evidente a necessidade de
uma nova postura da sociedade diante das pessoas com idade avançada, mas eu diria
que a necessidade maior a ser assumida é uma nova postura de ação e
pensamento dos gestores dos poderes constituídos, Governo Federal, Estadual,
Municipal.
A mudança do olhar social
sobre o processo de envelhecimento é extremamente importante para que os idosos
possam se sentir capazes de participar de todas as atividades da vida.
A IMPORTÂNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS
Não é possível, num país que
não é de jovens, os mais velhos estarem, e, pior, sentirem-se, fora do contexto
produtivo. Fora do mercado de trabalho. Fora do uso da tecnologia. Fora da
elaboração de ideias em empresas, firmas, escolas, comércio, meio rural...
É necessário
cada vez mais surgir políticas públicas, pensadas e executadas pela União,
Estados e Municípios em favor das pessoas não jovens. É preciso que todos
pensemos a melhor forma de inclusão e deixemos de agir como se o velho somente
fosse capaz de fazer pequenas coisas. São muitas as atitudes que nós seres
pensantes podemos ter. Podemos parar, por exemplo, urgentemente, de colocar as
pessoas de mais idade na condição de fragilidade, de infantilização. Não é mais
possível que uma sociedade que tenha a preocupação de incluir, se refira às
pessoas mais velhas como “vovozinha, vovozinho, bonitinha(o), queridinha(o),
mocinha(o)...” Essas formas diminutivas de tratar os idosos, desmerece os
mesmos e lhes deixa desacreditados. Muitos se sentem humilhados, acabam pensando
que são “inhos”, enquanto são seres humanos produtivos, capazes de encarar
desafios, capazes de trabalhar em qualquer área, capazes de aprender e de
ensinar.
É necessário ouvir as
pessoas com mais idade: saber o que desejam, o que pensam, saber de suas memórias. As
pessoas idosas podem nos falar sobre a velhice, sobre o processo de envelhecimento. Podem nos dar ''dicas'' sobre o que querem, precisam e desejam. Somente ouvindo o que os mais
velhos têm a dizer, se pode pensar em promover uma velhice bem sucedida.
É PRECISO VALORIZAR A SABEDORIA E A HISTÓRIA DE VIDA DE CADA UM
Senhores, é preciso
valorizar as grandes histórias de vida e toda a sabedoria que cada pessoa de
mais idade pode oferecer para a sociedade. Não podemos retratar os idosos como
decadentes, porque isso não é mais verdade. Não quero negar que existe perda de
vitalidade, mas hoje nós vivemos mais, estamos mais saudáveis e podemos ser
muito produtivos, mesmo com idade bem avançada.
Para redefinir o papel
social do idoso, a expressão contemporânea usada é “terceira idade”, uma nova
construção social referida entre a vida adulta e a velhice. Esta terminologia é
usada para designar um envelhecimento ativo e independente.
Os idosos brasileiros estão
construindo seu espaço de sociabilização e inclusão social, e se percebe um
crescimento dos movimentos de pessoas acima dos 60 anos. Esses espaços de
sociabilização são importantes na construção da identidade do idoso, pois
permitem a interação dos mesmos, na busca de uma velhice que afaste a solidão
e o preconceito, permitindo um envelhecimento com ação e independência.
A independência financeira é
um importante fator de positivação na velhice, pois ele consegue redefinir o
seu papel social. Percebemos, na maioria das vezes, que o idoso pobre e
dependente, não consegue redefinir-se na sociedade. Quando o idoso é uma pessoa
que conquistou sua independência financeira, ele constrói uma visão da velhice
como uma fase normal, em que existem mais conquistas do que perdas.
O momento que vivemos é um
momento pleno de desafios. Mais do que nunca é preciso ter coragem, é preciso
ter ação para enfrentar o presente e para construir o futuro. É preciso resistir, sonhar e trabalhar muito para mudar
ideias preconceituosas que impedem avanços. É necessário planejar formas de inclusão e
concretizá-las dia-a-dia, para que tempos mais humanos, mais justos, mais solidários
sejam uma realidade.
ENVELHECER BEM É RESPONSABILIDADE DE TODOS
Todavia, é preciso enfatizar
que envelhecer bem não é uma responsabilidade só do indivíduo e depende da
oferta de recursos como educação, urbanização, habitação, saúde, trabalho,
família, direito a uma cidade acessível, disponibilização de profissionalização
e trabalho para a pessoa idosa. Não podemos resumir a bailes, crochê, tricô, as
atividades desenvolvidas para os idosos. É necessário muito mais.
Acredito ainda que deve ser
discutido o processo de envelhecimento nas Escolas, Universidades, bem como
deve ser levantadas questões sobre sexualidade, gênero, drogas, essas questões
também são referentes as pessoas de mais idade.
Em 2003, foi criada a Lei 10.741 que dispôs sobre o Estatuto do Idoso. Nessa lei foram observados pontos relevantes, o da prioridade de atendimento, direito à vida, liberdade e dignidade dos cidadãos e cidadãs de idade mais avançada.
Para colocá-lo em prática é
preciso estimular e proporcionar cursos educativos, esporte, cultura, política, lazer e novas tecnologias visando uma possibilidade de exercício do
trabalho voluntário e remunerado. O Estatuto do Idoso representa um avanço sem
precedentes nas relações sociais no que diz respeito aos cidadãos mais velhos,
pois, até então, com as leis civis utilizadas, nossos idosos eram posicionados
numa condição de quase interditos, cidadão sem nenhuma categoria.
Senhores e Senhoras, os
gestores públicos de qualquer esfera têm que, efetivamente, pensar na condição
dos idosos, e, a cada dia, através de ações de políticas desenvolvidas para a
sociedade, acabar com o pensamento de que os idosos são pessoas com doenças,
fraquezas, debilidades e incapacidade.
O PAPEL DO LEGISLATIVO
O Legislativo Santiaguense
enquanto poder independente, tem tanta responsabilidade quanto qualquer outro
poder de desenvolver políticas públicas em prol dos idosos, e quer estar em
constante diálogo com a sociedade e com o executivo para juntos fortalecerem
uma nova concepção social sobre o idoso e sua capacidade de fazer.''
Iara Castiel
Veja algumas fotos do evento:
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